Dois professores resgataram em Marília um projeto que une esportes e ação social e que no passado já revelou campeões de taekwondo e pode ter uma ex-aluna nas Olimpíadas de 2016: Gabriele Siqueira, medalha de ouro no mundial da modalide disputado em agosto. 

O objetivo é oferecer aulas como opção à ociosidade, tirar os meninos e meninas das ruas e ao mesmo tempo oferecer treinamento de alto nível, sem custos, que pode revelar talentos.

À frente do projeto estão o professor Marcelo Tadeu Marques de Oliveira, 40, Mário Furlanetto Júnior, 29, que integraram a primeira fase e decidiram resgatar a iniciativa, que foi suspensa depois que a primeira turma obteve faixas pretas e dispersou. Furlanetto afastou-se da cidade por causa da faculdade e residência médica e no retorno procurou Tadeu.

Na primeira turma, o programa foi batizado como Emanoel e surgiu a partir da iniciativa de Cláudio, um ex-usuário de drogas que procurava atividade para tirar crianças da ociosidade nas ruas. Gabriele era uma iniciante.

Hoje a atleta é  a melhor do país em sua categoria. Foi um incentivo para a retomada, agora como projeto Bebela, batizado em homenagem ao tio de Furlanetto falecido recentemente. A nova etapa atende 35 crianças e adolescentes.

Usa um espaço do Centro Comunitário da Chácara São Carlos, e oferece lições de disciplina, dedicação, controle de ansiedade e filosofia de vida, enquanto ensinar a praticar o esporte.

"
O intuito é formar cidadãos. O esporte é complemento”, explica Tadeu, atleta premiado e instrutor em academias na cidade. E a proposta ganha incentivos. Marcos Augusto Lellis, da Comunidade São Carlos, conseguiu autorização para o suo do Centro Comunitário, que pertence à Mitra Diocesana. 

O Centro Bang, dirigido pelo grão-mestre Kun Mo Bang e seu filho, Flávio Bang, cedeu protetores, raquetes – protetores das mãos – e coletes.

Em troca do treinamento, os alunos precisam oferecer uma contrapartida: estudar. “Acompanhamos o desempenho, frequência. Quem tira nota vermelha não troca de faixa e nem vai para competição enquanto não melhorar as notas”, explica Marcelo Tadeu.

A meta é expandir o projeto para outros bairros, evitar a superlotação e criar novos núcleos de treinamento localizados nas regiões mais carentes da cidade. “Objetivo é oferecer cidadania, dar o norte com exemplo de alguns alunos que saíram daqui.”

ALUNOS


Os alunos em nível de competição são federados, podem entrar em campeonatos oficiais em todo o país. Vitor Hugo Garcia, 9, é um dos alunos empolgados. Diz que pretende ser faixa preta. “E depois ainda não sei, acho que ser mestre de taekwondo.”

Lucas Ribeiro Moreira, 13, foi ao projeto conhecer mais sobre o esporte e gostou. “Quero chegar à faixa preta, poder competir em nível nacional.”