Saúde

Fiocruz está sem informações para Boletim Infogripe há quase um mês

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Fiocruz está sem informações para Boletim Infogripe há quase um mês


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Completando vinte e sete dias do ataque hacker que tirou do ar os sites com dados do Ministério da Saúde, a Fiocruz ainda não conseguiu receber informações para o Boletim Infogripe.

“A gente não tem o dado bruto para fazer essa avaliação de quanto, de fato, em todo território, está impactando internações por influenza e a própria entrada da ômicron e o seu avanço” , explica Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe/Fiocruz, em entrevista ao Jornal Nacional.

Os dados oficiais vêm das unidades de saúde. Todas as fichas de pacientes com síndrome gripal, que incluem a Covid, são registradas no computador. As tentativas feitas por uma funcionária da Secretaria de Saúde de Ribeirão Pires, na Região Grande São Paulo, revelam que nem sempre é fácil.

De acordo com Iris Silvério da Silva Bento, enfermeira da vigilância sanitária de Ribeirão Pires, o processo de salvar os dados no computador é sempre imprevisível e, às vezes, precisa ser feito mais de uma vez: “Ou ele não abre, ele fica girando e não abre, ou, na hora que a gente vai salvar a ficha, aqui no final, ela não grava”.

Iris faz é uma dos profissionais de saúde que ficam na linha de frente, responsáveis por colocar na base de dados do Ministério da Saúde as informações sobre os moradores que ficaram doentes – mas a dificuldade é tanta que os formulários escritos à mão se acumulam. E esse é um fato que ocorre não só neste município de pequeno porte, que hoje está em atraso com os dados dos últimos cinco dias.

“A gente imagina a dificuldade de outros municípios que são maiores de inserir essas fichas que ficaram represadas. A informação que a gente tem lá no Ministério da Saúde acaba não refletindo a realidade local, porque a informação demora ou chega muito defasada” , disse Iris.

E mesmo quando o registro é bem sucedido, falta o acesso aos números. A informação não tem chegado aos pesquisadores da Fiocruz, que soltam os alertas sobre as doenças respiratórias, como a Covid e a Influenza. O grupo parou de receber os dados para fazer o Boletim Infogripe quando o Ministério da Saúde anunciou ter sofrido um ataque hacker, dia 10 de dezembro. O último boletim tem os dados inseridos até 6 de dezembro, ou seja, há um mês.

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Na época, a Fiocruz já indicava um sinal de crescimento forte de síndrome respiratória aguda grave nas seis semanas anteriores e moderado nas últimas três semanas. E também alertava para o aumento em todas as faixas etárias abaixo de 60 anos.

Sem as atualizações, o coordenador do grupo da Fiocruz afirma que o cenário é de um Brasil às escuras.

“Novos casos de problemas respiratórios: eles são Covid, eles são influenza, eles são uma mistura dos dois? A gente ficou às cegas ao longo de todo o mês de dezembro.”, diz Marcelo. O coordenador do boletim disse que essa falta de dados tem um impacto não só na capacidade de se ter o panorama nacional, mas também no nível de tomadores de decisão, seja de instituições da saúde quanto da população, em especial para as festas de fim de ano:

“Se o nosso Natal, o nosso Réveillon podia ser com mais gente, se a gente precisava ter muito cuidado. Essa informação é fundamental porque ela impacta não só a tomada de decisão pelos órgãos públicos, impacta também a decisão da população. De comportamento individual e coletivo, o que cada um de nós tem que fazer” , reforça Marcelo Gomes.

O Ministério da Saúde nega que a instabilidade nos sistemas interfira na vigilância epidemiológica de síndromes respiratórias agudas e da Covid. O ministério afirma que restabeleceu as plataformas e-SUS Notifica, SIPNI e ConecteSUS, mas que as informações lançadas depois do dia 10 de dezembro ainda não constam nas plataformas.

Segundo o Ministério da Saúde, as informações podem ser registradas pelos gestores locais e os usuários vão poder acessar os registros quando a integração de dados for restabelecida.

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Fonte: IG SAÚDE