Arlindo Cruz morre aos 66 anos e deixa um legado de ritmo e emoção

O sambista Arlindo Cruz faleceu em 8 de agosto de 2025, aos 66 anos, após um longo período de batalha por sua saúde. Sua morte marcou um dia de luto profundo para a música brasileira e para todos os amantes do samba. A causa da morte, um agravamento de seu estado de saúde após complicações decorrentes de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) sofrido em 2017, encerrou uma jornada de superação e resiliência que comoveu o país.

A vida de Arlindo Cruz é uma melodia de talento e paixão que ecoou por décadas. Nascido no bairro de Madureira, berço do samba carioca, ele carregava no sangue a batida do Império Serrano. Sua jornada musical começou cedo e, ao lado de Candeia, fundador da escola de samba, e de sua família, ele aprendeu a amar e a viver o samba em sua essência mais pura.

A Trajetória de um Poeta do Samba

Arlindo Cruz não era apenas um cantor; ele era um poeta que transformava a realidade em versos e a dor em melodia. Sua voz inconfundível, cheia de emoção, e seu talento como cavaquinista e compositor o levaram a se destacar no cenário musical. Nos anos 80, ao lado de Jorge Aragão e Almir Guineto, ele fundou o grupo Fundo de Quintal, um dos maiores expoentes do gênero e um marco no pagode.

A partir dos anos 90, Arlindo seguiu carreira solo, consolidando-se como um dos grandes nomes do samba. Ele assinou mais de 500 composições, que foram gravadas por gigantes da música brasileira, como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho e Alcione. A cada verso, Arlindo nos convidava a mergulhar em histórias de amor, desilusão, esperança e, acima de tudo, na beleza da vida.

Os Hinos de uma Geração

Entre os muitos sucessos que Arlindo Cruz nos deixou, alguns se tornaram verdadeiros hinos que atravessam gerações. Canções como “O Bem”, “Meu Lugar”, “Batuque de Cozinha”, “Sinal de Paixão” e “Camarão que Dorme a Onda Leva” são apenas alguns exemplos do vasto e brilhante repertório que ele criou.

A canção “O Bem”, com seu refrão memorável “O bem, o bem, o bem / o bem que te faz falta”, se tornou um clássico do samba. “Meu Lugar” é uma ode à Madureira, o bairro que o viu nascer, e expressa o orgulho e o amor por suas raízes. “Camarão que Dorme a Onda Leva”, com a participação de Zeca Pagodinho, é uma lição de vida embalada pelo ritmo contagiante do samba.

Arlindo Cruz partiu, mas sua música permanecerá viva. Seu legado é um lembrete do poder do samba de unir pessoas, contar histórias e tocar o coração de quem ouve. Ele será para sempre o poeta que, com sua voz e seu cavaquinho, nos fez sorrir, chorar e, acima de tudo, celebrar a vida.